Lançamento de 1º foguete comercial partindo do Brasil é marcado por adiamentos, explosão após 'anomalia' e pedido de desculpas de CEO
Veja como foi lançamento do primeiro foguete comercial partindo do Brasil O primeiro lançamento de um foguete comercial a partir do Brasil, o sul-coreano HANB...
Veja como foi lançamento do primeiro foguete comercial partindo do Brasil O primeiro lançamento de um foguete comercial a partir do Brasil, o sul-coreano HANBIT-Nano, foi adiado três vezes e teve sua missão interrompida devido a uma "anomalia" logo após a decolagem na Base de Alcântara, no Maranhão, na noite desta segunda-feira (22). As causas da falha ainda não foram divulgadas. Segundo o CEO da empresa sul-coreana Innospace, Kim Soo-jon, a anomalia foi detectada 30 segundos após o lançamento, e, com isso, a empresa optou pela medida de queda do veículo dentro da zona de segurança terrestre, prática prevista no protocolo de segurança da empresa. 📲 Clique aqui e se inscreva no canal do g1 Maranhão no WhatsApp O voo não era tripulado e tinha como objetivo colocar em órbita equipamentos voltados à coleta de dados ambientais, testes de comunicação em órbita, monitoramento de fenômenos solares e validação de tecnologias de navegação. Equipes da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Corpo de Bombeiros do CLA foram enviadas ao local para avaliar os destroços e a área da colisão. Os destroços do HANBIT-Nano caíram em uma área que pertence a Base de Alcântara. A seguir, nesta reportagem, você vai ver: Histórico de adiamentos Explosão após ‘anomalia’ Nova imagem mostra momento em que foguete lançado do Brasil vira 'bola de fogo' Centro de Lançamento de Alcântara foi palco do maior desastre espacial do Brasil Histórico de adiamentos O lançamento do HANBIT-Nano enfrentou adiamentos por ajustes técnicos dentro da janela de lançamento em Alcântara (MA), entre os dias 17 e 22 de dezembro. Nas inspeções da Operação Spaceward, como foi batizada conjuntamente pela Innospace e pela Força Aérea Brasileira (que administra o centro de Alcântara), foram identificadas anomalias em sistemas, troca de componentes e verificações extras. Veja abaixo a cronologia. ➡️ O lançamento, previsto inicialmente para 22 de novembro as 15h, foi remarcado para 17 de dezembro após avaliações técnicas que identificaram a necessidade de ajustes nos sistemas do foguete. Segundo a FAB, os ajustes visavam melhorar o processamento dos sinais do veículo e aprimorar os sistemas de aviônica, etapa comum em missões iniciais. ➡️ Em 17 de dezembro, o lançamento foi novamente adiado para substituição de componentes após uma anomalia no dispositivo de resfriamento do sistema de fornecimento de oxidante do primeiro estágio, detectada nas inspeções finais. A Innospace informou que o adiamento foi necessário para garantir tempo suficiente para a troca dos componentes afetados. ➡️ Em 19 de dezembro, o lançamento foi adiado pela 3ª vez para uma inspeção técnica na válvula do abastecimento de metano líquido do segundo estágio. O adiamento ocorreu devido à necessidade de verificar o funcionamento da válvula do sistema de abastecimento do tanque de metano líquido do foguete. ➡️ Em 22 de dezembro, a janela de lançamento foi reaberta e o horário ajustado para as 22h. O foguete decolou às 22h13, após inspeção técnica, mas explodiu minutos depois. Explosão após ‘anomalia’ O foguete sul-coreano HANBIT-Nano explodiu nessa segunda-feira (22) após ser lançado às 22h13 do Centro de Lançamento de Alcântara. Reprodução O foguete sul-coreano HANBIT-Nano explodiu nessa segunda-feira (22) após ser lançado às 22h13 do Centro de Lançamento de Alcântara. Durante a transmissão ao vivo, a equipe responsável exibiu a mensagem “We experienced an anomaly during the flight”("Vivenciamos uma anomalia durante o voo"). Pouco depois, o sinal foi interrompido, procedimento comum quando a missão não é concluída com sucesso. O vídeo acompanhou a trajetória por pouco mais de um minuto. Duas câmeras estavam localizadas nos estágios do foguete. Em um momento, o foguete consegue chegar a Mach 1 - que é quando a velocidade de um objeto espacial ultrapassa a velocidade do som. Em seguida, o HANBIT-Nano segue em direção à orbita da Terra, até que chega a MAX Q - que é quando um objeto espacial alcança a maior intensidade da força aerodinâmica até chegar a atmosfera. Logo depois, a transmissão foi cortada pela Innospace, impossibilitando acompanhar o resto do voo. Em seguida, a FAB informou que o foguete colidiu com o solo após a falha e enviou equipes ao local para avaliar destroços e a área do impacto, dentro de uma área que pertence a Base de Alcântara. O CEO da empresa sul-coreana Innospace, Kim Soo-jon, divulgou nesta terça-feira (23) uma carta pedindo desculpas por não ter conseguido concluir o lançamento do primeiro foguete comercial a partir do Brasil, no Maranhão. "Durante esse processo, não houve qualquer dano a pessoas, embarcações, instalações terrestres ou outros bens externos. Todos os procedimentos e controles de segurança do lançamento foram executados conforme projetado, dentro do sistema de segurança estabelecido de acordo com os padrões internacionais, incluindo os órgãos aeronáuticos brasileiros", disse na carta. Nova imagem mostra momento em que foguete lançado do Brasil vira 'bola de fogo' Nova imagem mostra explosão do 1º foguete comercial lançado do Brasil Uma nova imagem feita com drone mostra o momento exato em que o foguete sul-coreano HANBIT-Nano se desfaz no ar e se transforma em uma "bola de fogo" após partir do Centro de Lançamento de Alcântara. O registro também mostra destroços caindo após a explosão (veja o vídeo acima). As imagens foram feitas pelo youtuber Pedro Pallotta, do canal Space Orbit, que estava no Maranhão e acompanhava a missão ao vivo. "O foguete explodiu. Alguma coisa estourou. Tivemos cerca de 40 segundos de voo", disse Pedro em sua transmissão própria. "Esse tipo de coisa acontece. Lançamentos podem dar certo ou errado", completou. Ao fundo, enquanto Pedro fala, é possível ouvir algumas explosões, mas não há confirmação se os ruídos têm relação com o foguete. Centro de Lançamento de Alcântara foi palco do maior desastre espacial do Brasil Escombros da torre de lançamento do VLS em Alcântara Ed Ferreira/Estadão Conteúdo Em 22 de agosto de 2003, às 13h26, o foguete VLS‑1 explodiu durante ajustes finais na Torre Móvel de Integração (TMI), no Centro de Lançamento de Alcântara. Vinte e um profissionais civis morreram. Foi o maior acidente da história do Programa Espacial Brasileiro. O VLS‑1 seria lançado três dias depois e colocaria em órbita dois satélites nacionais de observação da Terra. A estrutura do lançamento já estava montada. Durante os ajustes, um dos motores teve ignição prematura e o protótipo foi acionado antes do tempo. A torre explodiu e 21 civis que trabalhavam no local morreram. Segundo o relatório final do Comando da Aeronáutica, concluído em fevereiro de 2004, a causa foi um “acionamento intempestivo” provocado por uma pequena peça que ligava o motor do foguete. O Ministério da Aeronáutica descartou sabotagem, grosseira falha humana e interferência meteorológica. O documento apontou “falhas latentes” e degradação das condições de trabalho e segurança. Entre os problemas, havia saídas de emergência que levavam para dentro da própria TMI e estresse por desgaste físico e mental dos tecnologistas. Após o acidente, novas medidas de segurança foram adotadas na Base de Alcântara, como a inauguração de uma nova TMI, em 2012. A área, projetada e construída com concreto armado, possui uma extensa fiação que garante corrente elétrica para um dos estágios da plataforma do Veículo Lançador de Satélites. Arte: Por que Alcântara? Arte/g1